domingo, 14 de março de 2010


O Fingidor da Dor

Júlio César

E se eu te dissesse que dói?
Que duma dor tão enorme
Não me cabe ao peito pequeno
Nem a sombra ou a ponta?

Dói, e Como dói!
Existir assim nesse mundo
Ser tão só, tão ínfimo
que se sumisse não mudaria
nem um tiquinho do que é
e não deixaria ser por sua causa

Você sente pena de mim?
Sei, está vendo minha dor
talvez esteja até chorando
sofrendo por mim, que bonito

Mas e se eu te disser que não dói?
Que minha dor me alimenta
que o mundo me despreza e me alegra
Tenho na face o sorriso dos desesperados
a alegria cega de quem nada perde
pois entende que nada tem

E se eu dissesse coisas absurdas?
como que a felicidade me assusta
Que me matei o amor, por ama-lo
e deseja-lo perfeito é não deseja-lo.

Matei em mim qualquer romance possivel
Pois faço exatamente o que é de se fazer
E por isso não sou amado,
sou real e possível, estou aqui.
E se deseja o que não se tem!
Não sou sonho de ninguém.

E se eu te dissesse que é mentira?
Que sou um poeta mentiroso
Não verso, não rimo, não invento
Só minto minhas poesias…

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